Livro do desassossego

Apreciação Crítica

Livro do Desassossego de Bernardo Soares

Publicado em 1982, quarenta anos após a morte de Fernando Pessoa, o Livro do Desassossego tem como autor Bernardo Soares, um semi-heterónimo de Fernando Pessoa. Com este livro, Bernardo Soares vem inaugurar um novo conceito de narrativa sem linearidade e de carácter fragmentário.

Esta obra é uma junção de textos heterogéneos que lhe conferem um carácter essencialmente divagante, não só pelos seus fragmentos, mas também, pela oscilação entre o real e o imaginário.

À semelhança do ortónimo, também Bernardo Soares parece optar pelo sonho, ignorando e excluindo a vida, enquanto deambula pelas ruas de Lisboa, tal como Cesário Verde.

Ao frequentar o elétrico, Bernardo Soares, o observador acidental, transfigura o que observa em sonhos e sentimentos, daí que o exterior (visto) seja a chave do interior (sentido).

Nesta excelente compilação de textos, a sua estrutura fragmentária permite, de forma inteligente, ao leitor, construir a sua própria narrativa, sem ter de seguir uma ordem cronológica, sendo essa uma das características mais extraordinárias desta obra.

Este livro, com os interessantes pensamentos de um dos maiores autores do século XX, permite-nos, assim, ter um novo e diferente olhar sobre a cidade de Lisboa, as suas ruas e os seus habitantes, e também uma nova perspetiva sobre Fernando Pessoa, uma vez que se trata de uma obra autobiográfica.

Escrito por Carolina Cardoso, 12º6ª, (teste de Português de janeiro 2019)

 

Inspirado no Livro do Desassossego de Bernardo Soares

 

 

Já tenho claro em mim que aquilo que mais me traz serenidade é o azul mãe dos olhos da minha avó. Olhá-la nos olhos é como tomar dez calmantes e, ao mesmo tempo, beber cinco cafés. Trazem serenidade e energia numa lufada de emoção que, para mim, até agora, a nada se comparou.

Esta energia e serenidade permitem-me aprofundar a verdade do seu olhar. Quando me perco nele, sinto-me imediatamente intrigada quanto à sua profundidade, como se caísse na toca do coelho da Alice e apercebo-me de tudo o que há de misterioso nele.

Quando me distancio destes pensamentos, apercebo-me que este mistério do olhar da minha avó está, na verdade, presente em todos os olhares, com os quais me cruzo, ao descer a rua, e que a sua cor límpida e clara apenas torna a sua leitura mais fácil.

É nesse azul-mar que me aquieto, aninho e conforto, porque nada é mais belo e me preenche mais, que a simples verdade do que é belo.

 

Escrito por Ana Mourão, nº5, 12º6ª

Inspirado no Livro do Desassossego de Bernardo Soares

Já tenho claro em mim que aquilo que mais me traz serenidade é o azul mãe dos olhos da minha avó. Olhá-la nos olhos é como tomar dez calmantes e, ao mesmo tempo, beber cinco cafés. Trazem serenidade e energia numa lufada de emoção que, para mim, até agora, a nada se comparou.

Esta energia e serenidade permitem-me aprofundar a verdade do seu olhar. Quando me perco nele, sinto-me imediatamente intrigada quanto à sua profundidade, como se caísse na toca do coelho da Alice e apercebo-me de tudo o que há de misterioso nele.

Quando me distancio destes pensamentos, apercebo-me que este mistério do olhar da minha avó está, na verdade, presente em todos os olhares, com os quais me cruzo, ao descer a rua, e que a sua cor límpida e clara apenas torna a sua leitura mais fácil.

É nesse azul-mar que me aquieto, aninho e conforto, porque nada é mais belo e me preenche mais, que a simples verdade do que é belo.

Escrito por Ana Mourão, 12º6ª

ES Vergilio Ferreira